Avanços no valor médio ao produtor têm mantido constância, mas sem sobressaltos; um dos impulsos vem do pico da entressafra.

A proximidade com o pico da entressafra tem ajudado a sustentar o cenário de alta nos preços médios pagos pelo arroz ao produtor, com a saca de 50 quilos chegando a R$ 106,37 no Estado, aponta levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esal/USP, em parceria com o Instituto Rio Grandense de Arroz (Irga). O patamar acima dos R$ 100 retoma marca atingida em meados de outubro de 2020. Por ora, avaliam especialistas a perspectiva é de que essa faixa de preços se mantenha, sem grandes sobressaltos — a depender, claro, do ritmo do cultivo e da demanda. 

— Está perto do patamar de 2020? Está. Mas não é nada assustador. O preço se estabilizou, com esse viés de alta — avalia Ailton dos Santos Machado, diretor comercial do Irga.

Preços e plantio foram discutidos nesta quarta-feira (01), em reunião da Comissão de Mercado da autarquia. Entre os fatores que ajudam a explicar esse movimento estão também a demanda global e os estoques de passagem.  Machado lembra que a Tailândia, maior produtor mundial, teve problemas climáticos que afetaram a produção. A Índia, maior exportador do cereal, teve percalços com o tempo e segurou os contratos de vendas externas na tentativa de controlar a inflação. Com isso, a oferta ficou mais enxuta. 

— Quase não tem mais produto no Mercosul. Estamos nos aproximando do pico da entressafra, o câmbio voltou a ficar acima de R$ 5, estimulando a exportação. Ainda não temos ainda a concorrência americana. Eles estão começando a colher, mas só têm disponibilidade em dezembro — completa Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS), sobre razões para o cenário de alta. 

No mercado interno, são poucos os agricultores que ainda têm arroz para vender e são aqueles que têm outros produtos, o que concede maior poder de barganha à negociação, pontua Velho:

— Acredito que ainda tem espaço para alta), mas mercado está chegando no valor da paridade internacional, que é uma referência. Está procurando o equilíbrio próximo da paridade.

Para o produtor, o valor atual seria remunerador, mas é preciso lembrar, observa o dirigente, que o cereal disponível agora para a venda é da última safra, quando as lavouras foram cultivadas com custos mais caros. Nas gôndolas dos supermercados, o arroz acumula no ano um aumento de 12% a 13%.

Maior produtor de arroz no Brasil, o Rio Grande do Sul está em fase de plantio. Dados do Irga mostram que 54% dos 902,42 mil hectares previstos foram semeados. A chuva em excesso tem levado ao atraso no plantio em algumas regiões do Estado. A com o menor percentual é a Central, com apenas 13,79%. 

Fonte: GZH / GISELE LOEBLEIN