Período em que presença de plantas vivas da espécie não pode ocorrer no campo irá de 13 de julho a 10 de outubro.

O Rio Grande do Sul adotará pela primeira vez o vazio sanitário da soja, período em que não pode ocorrer a presença de plantas vivas da espécie no campo, entre 13 de julho e 10 de outubro de 2022, no calendário da safra 2022/2023. A medida, já discutida pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) com entidades do setor, é uma tentativa de frear o avanço da ferrugem asiática, principal doença do cultivo da oleaginosa no Brasil. Antes disso, será estabelecido que o calendário de semeadura terá 110 dias e entra em vigor já na safra 2021/2022, quando irá de 11 de outubro a 28 de janeiro.

A discussão é guiada pela portaria 306 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicada no dia 13 de maio, que institui o Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja. O texto prevê que cada estado deve estabelecer o período de vazio sanitário em seu território. A Seapdr tem até 31 de julho para comunicar oficialmente ao Mapa o calendário que vai adotar.

Segundo o chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Seapdr, Ricardo Felicetti, os produtores que descumprirem o vazio podem sofrer sanções, mas na prática o efeito da restrição é considerado limitado no Rio Grande do Sul, uma vez que o frio e a geada já contribuem para que não haja plantas vivas durante o inverno. “O efeito maior será na concentração dos 110 dias de plantio da soja”, prevê.

A preocupação com a ferrugem da soja ganhou força nos últimos anos em razão do aumento da resistência do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da doença, aos princípios ativos utilizados para combatê-lo. A ferrugem provoca o desfolhamento precoce da planta e prejudica a formação do grão. Felicetti diz que não há previsão de novos ingredientes de controle.

Na safra 2020/2021 foram observadas ocorrências da ferrugem asiática perto do Leste do Estado, o que é incomum, segundo Felicetti. O Noroeste e o Norte têm apresentado as maiores resistências aos ingredientes ativos. As informações relacionadas à presença da doença na última safra podem ser conferidas no site www.emater.tche.br.

O coordenador da Comissão de Grãos da Farsul, Elmar Konrad, afirma que a maior parte das lavouras gaúchas de soja já é semeada após 11 de outubro, o que indica que o vazio não deve provocar grandes alterações. Também observa que o encerramento da semeadura em 28 de janeiro permite o plantio da “safrinha” após a colheita do milho.

Fonte: Correio do Povo / Danton Júnior