Cheias recentes se somam a problemas acumulados no setor nos últimos anos, como custos altos e estiagem.

Com problemas acumulados ao longo dos últimos anos, incluindo alta de custos e três estiagens consecutivas, a produção de leite do Estado teve nas cheias recentes mais um duro golpe. Além das vidas perdidas, estruturas construídas ao longo de uma vida inteira foram consumidas, animais levados pela força das águas. Faltou energia elétrica e houve locais em que foi preciso jogar fora a produção que não podia ser refrigerada e tampouco transportada. 

— A perda foi grande, não só das coisas que (a água) levou, mas também da produção de leite, que a gente teve de jogar fora, porque a ponte (usada no transporte do produto) foi danificada — diz Marines Trevizan, produtora de Casca, no norte do Estado.

Os relatos são de mortes e ferimentos em vacas, problemas na alimentação dos animais (silagem, pastagem e feno foram estragados pelas águas) e dificuldades na ordenha e no deslocamento de caminhões para a coleta.

Em Estrela, a enchente levou 25 vacas do produtor de leite Jorge Dienstmann. Ele tentou salvar os animais:

— Tentamos tirá-los para fora do recinto (galpão). Alguns conseguimos, mas com a subida dos níveis de água, os animais foram levados pela correnteza e se perderam.

E os prejuízos não ficaram apenas no rebanho. Cerca de 30 hectares da lavoura de milho (usada para alimento dos animais) foi perdida, conta o produtor.

— Estamos apanhando tanto, mas tanto, tanto, nos últimos tempos que parecemos anestesiados — avalia Marcos Tang, presidente da Associação de Criadores de Gado Holandês (Gadolando).

O dirigente acrescenta que ainda não se sabe o real número, mas que as perdas na atividade “são grandes”.

Os efeitos que serão sentidos reforçam a preocupação com o futuro da atividade que, conforme dados da Emater, encolheu em 60% no período de oito anos (em número de propriedades onde foi abandonada). Mais recentemente, a enxurrada de importações de lácteos com origem em países do Mercosul fez com que o setor se mobilizasse, solicitando ações dos governos.

Fonte: GZH / Carolina Pastl