Mediado pela jornalista Gisele Loeblein, evento reuniu representantes do setor na segunda-feira, na Casa da RBS.

— Décadas atrás, minha mãe falava que, se eu não estudasse, iria parar na roça. Hoje, se você não estudar, não consegue trabalhar lá.

Gustavo Spadotti, hoje chefe-geral da Embrapa Territorial, de Campinas (SP), trouxe um exemplo de quando ainda era criança para resumir a mudança que vive o agronegócio brasileiro. Se antes o campo era visto como um espaço com pouca tecnologia e conhecimento, hoje, a qualificação profissional no setor é indispensável para ampliar mercados. O tema foi discutido no primeiro Campo em Debate da 24ª Expodireto Cotrijal, que abriu a programação da Casa RBS, em Não-Me-Toque, na segunda-feira (4).

— Se você não souber aproveitar todos os sensores que têm dentro de uma máquina agrícola, por exemplo, você vai acabar utilizando apenas 10% do que ela tem para oferecer. Mão de obra qualificada é uma questão de eficiência da propriedade, do negócio — completa Spadotti.

No entanto, o presidente do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e ex-ministro da Agricultura, Francisco Turra, entende que ainda há muitos profissionais para se qualificarem no setor.

— Temos um imenso caminho a percorrer — frisou no painel.

A Embrapa, defende Spadotti, é uma instituição pioneira neste sentido. Há 50 anos, a instituição surgiu com um diagnóstico de que a agropecuária brasileira carecia de ciência — e investiu nisso. 

— Mas esse sucesso não pode viver só de passado. Nós temos que capacitar os nossos jovens, futuros formandos das universidades, com as demandas reais do agronegócio — defende o pesquisador.

Assim como a Embrapa, em uma espécie de "vanguarda" dessa qualificação profissional, Turra acredita estar a Atitus Educação. A instituição privada de ensino superior inaugurou nesta segunda-feira (4) a Escola do Agronegócio, em Passo Fundo.

A ideia, explica o CEO da Atitus Educação, Eduardo Capellari, é que as disciplinas dos cursos de Agronomia e Veterinária, que compõem a escola, sejam remodeladas de acordo com a necessidade do mercado. A grade curricular passará a receber a colaboração de um conselho consultivo com sete nomes conhecidos do setor. Um deles, o próprio Turra.

Para Capellari, aproximar a academia ao setor é uma via de mão dupla:

— Essa nova estrutura está focada na perspectiva de oportunizar o aluno a empreender ou ter acesso desde cedo às principais empresas do agronegócio, com uma maior probabilidade de ter emprego qualificado. E atender ao mercado do setor, que vem crescendo ano após ano.

Fonte: GZH / Gisele Loeblein